Tenho alma de judeu errante,
Um solitário caminhante
Nas escuras vielas da vida....
Noivo sem noiva ou aliança;
Na eterna e fria andança
Com a alma de anelos despida...
Sem anelos que o fim incute,
Anelos da solicitude
Que na vida nos enforcam...
Apenas na viagem infinda
A flecha do vagar me finca
E as figuras que no ermo esboçam...
É sempre o caminho incerto...
Faces várias, mas deserto;
Arde o olhar se ao longe miro...
Fantasmas em rubros fogos
Queimam-se por seus engodos
E será este o meu destino...
Arquejante, tão sedento,
Eu perambulo fedendo
Dos que sonham a carniça...
Pois o meu sonho tão incerto
Não sei ser longe ou tão perto...
Quando surge, se dissipa...
Dissipa em nuvens de esperança,
Em corais de falsa bonança
Nesse vago ou falaz orbe...
Fujo de mim _ Sou chaga horrenda...
É minha sina na tormenta
De uma longínqua e dúbia sorte...
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